terça-feira, 2 de março de 2010

“Não fujo do pau, não. Aquilo é uma bagunça”, diz Lucho ao Futebol Guarulhos

Texto e foto: Paulo Manso

Ex-treinador desabafa, garante que não fugiu dos problemas, e diz que estava mais preocupado com o rebaixamento do que os dirigentes rubro-negros

A passagem de Lucho Nizzo, ex-treinador da Seleção Brasileira sub-17, no Flamengo foi tão rápida quanto polêmica. Na manhã desta terça-feira, 2, o carioca falou por telefone com exclusividade ao repórter Ronaldo Paschoalino – do Futebol Guarulhos e da Folha Metropolitana – e desabafou. Para ele, “aquilo [Flamengo] é uma bagunça”.

SEM PAI NEM MÃE? - Lucho demonstrou irritação com as declarações do advogado Emerson Prebianchi, um dos representantes da turma de investidores que se autodenomina “parceira” do Flamengo, a um site de Campinas. Na entrevista, Prebianchi teria dito que a diretoria estava atendendo as exigências de Lucho. “Mas ele não teve paciência. Deixou a gente meio sem pai nem mãe.”

Inconformado, Lucho foi enfático: “Nunca vi esse tal Emerson no clube. Eu não deixei ninguém sem pai nem mãe. Tirando o Niltinho [diretor de futebol] e o Sérgio [Vieira, diretor de marketing], que são duas pessoas que tentaram fazer alguma coisa, o resto não está nem aí prá nada. Nunca fizeram nada prá ajudar e não estão preocupados se o clube está para cair ou não. Eu estava mais preocupado do que eles. Não fujo do pau não. Aquilo [o Flamengo] é uma bagunça”, declarou.

PORTA FECHADA – Um dos motivos que teriam ajudado na decisão de Lucho de deixar o clube aconteceu no retorno da viagem para Santa Bárbara D’Oeste, onde o time havia sido derrotado pelo União Barbarense por 3 a 2. O treinador ficou surpreso ao saber que os atletas contundidos – e que não viajaram com o time para o Interior – não treinaram no sábado simplesmente porque não havia ninguém no clube para abrir o vestiário aos jogadores.

“Isso não é possível. Isso não é sério. O time estava todo desfalcado, eu precisando que os jogadores se recuperassem das lesões, e ninguém aparece no clube para abrir o vestiário para eles treinarem”, lamentou.

GRAMADO PRESERVADO – A gota d’água para Lucho, no entanto, teria sido a negativa do próprio presidente Edson David em liberar o campo do Ninho do Corvo para treinos nesta segunda-feira. “O presidente me informou que era para preservar o campo e que teríamos que usar apenas as laterais do gramado... O time está quase caindo e vão se preocupar com a p... do campo? Sou profissional, meu irmão. Se o pessoal lá está brincando de ser clube de futebol, o problema é deles. Não me conformo com a bagunça que é aquilo. Se não podia treinar o time, cancelei o treino e resolvi sair”, argumentou.

R$ 300 MIL INVESTIDOS – Na entrevista ao FG, Lucho também levantou uma questão no mínimo intrigante. Segundo o ex-comandante, os parceiros do clube já teriam depositado R$ 300 mil nas contas do Flamengo. “Eu tive três reuniões com três parceiros diferentes e eles me mostraram documentos que comprovam investimentos de R$ 300 mil no clube. Onde? Você consegue enxergar isso dentro do clube? O time é o mais barato da A2, o estádio não teve melhoria... Se colocaram mesmo R$ 300 mil, onde esse dinheiro foi aplicado?”

SEM DESPEDIDA – Lucho Nizzo disse, também, que não pode se despedir dos atletas porque o presidente Edson David o impediu de permanecer nas dependências do clube após o pedido de demissão. “O Edson não deixou eu me despedir dos jogadores e nem continuar no estádio. Por isso não falei com eles e nem com a imprensa”, concluiu.

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