segunda-feira, 3 de maio de 2010

Peço licença, mas devo falar do Santos e lembrar Guarulhos


Por: Cacá Gouveia


Com louvor, o Santos é campeão paulista da 1ª divisão. Essa afirmação pode parecer a mais “lugar comum” do mundo, mas para quem assistiu as partidas finais do Paulistão sabe que essa afirmação não é tão vaga assim.

Durante todo o Paulistão, o Santos passou por quase todos seus adversários sem nem tomar conhecimento da dificuldade que encontraria do outro lado do campo. Quase não teve dificuldades, nem tropeços. A equipe de Dorival Júnior, além de não se omitir, foi para cima dos oponentes em todos os jogos. O Santos sempre buscou o ataque, os gols e foi premiado com o título de campeão. O Santo André foi o melhor adversário que passou pelo caminho dos meninos da Vila e mostrou isso na vitória de 3 a 2 na derradeira partida, no septuagenário Pacaembu.

O grande fato é que o Santos mereceu o título, não pelas vitórias simplesmente, mas porque as buscou a todo momento e mesmo quando não precisava da vitória e podia segurar o jogo – como no caso da semifinal contra o São Paulo – não o fez, como a grande maioria dos times faria. Os meninos do Santos trouxeram a alegria do futebol de volta e a união dessa garotada com a ousadia do técnico Dorival Júnior só tinham de resultar nessa explosão de ofensividade e objetividade transformada em quase 100 gols marcados em pouco menos de 30 jogos.

Mas, tentando traçar um paralelo com o futebol profissional de Guarulhos, por onde devemos começar alguma comparação? A qualidade dos profissionais santistas? Não, essa comparação não pode ser feita. Sugiro deixarmos de lado as discrepantes estruturas do clube Santos e da cidade de Guarulhos para olharmos as origens dos jogadores e como eles foram parar onde estão.

Esse time do Santos campeão de 2010 tem nada menos que cinco titulares formados em suas categorias de base: o goleiro Felipe, o volante Wesley, o meia Ganso e os atacantes Neymar e Robinho. Isso sem falar do atacante André, também formado na base santista e um dos artilheiros do time, apesar de ficar na reserva nessa reta final de Paulistão. Destes cinco, dois são nascidos em São Vicente, cidade vizinha a Santos e muito menor que Guarulhos: Felipe e Robinho.

O Guarulhos está trabalhando de forma semelhante com seu time. A maior parte da equipe, que hoje disputa a 4ª divisão de São Paulo, é daqui e formada na base. Essa receita caseira, se bem trabalhada pelo treinador Ivan Silva, pode ser a chave de um possível acesso da equipe guarulhense à 3ª divisão. Afinal, o próprio campeão paulista mostrou que a base pode ser forte. Mas mesmo assim fica a pergunta: será que Guarulhos, a 2ª maior população do Estado não consegue produzir craques para que suas equipes estejam na elite do futebol nacional? Eu, particularmente, acho que consegue.

Não estou falando que os times guarulhenses devem se transformar no Santos. Mas podem sim usá-lo como exemplo. É chegada a hora do futebol profissional da cidade de Guarulhos ter futuro e deixar de ser tratado amadoristicamente. Essa vontade de crescer é mais visível no time do Guarulhos, até pela visão de futuro dos dirigentes. Porém, a prefeitura poderia ajudar mais o futebol e o esporte em geral, oferecendo algum tipo de isenção fiscal às empresas que colaborarem com o desporto da cidade.

As equipes locais não precisam apenas de bons profissionais em campo, mas também fora dele. Talvez por falta de bons dirigentes não vemos os apoios esperados das empresas locais aos clubes. Infelizmente.

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